Vanessa Queiroz fala dos planos à frente da Associação de Designers Gráficos

A designer Vanessa Queiroz, professora do curso de Especialização em Direção de Criação Digital na EBAC, eleita por mais dois anos para integrar a diretoria da ADG Brasil (Associação dos Designers Gráficos).

Para quem ainda não conhece a entidade, a ADG Brasil é uma associação sem fins lucrativos, fundada há quase 30 anos, em 1989, para representar a atuação do designer gráfico brasileiro, além de reunir profissionais e estudantes para fortalecer o setor e a categoria no Brasil. Um dos carros chefes da ADG Brasil é a Bienal Brasileira de Design Gráfico, principal evento da área no país, que acontece há 25 anos.

Vanessa, que é cofundadora do Estudio Colletivo de Design, da agência Moonstro, BattleLab e sócia da Ideafixa, blog de curadoria e conteúdo, integrou a gestão 2016-2018 da ADG Brasil. Ela falou com a gente sobre a nova gestão, a regulamentação da profissão e sobre o mercado.

Quais seriam demandas ou questões mais urgentes para os designers gráficos hoje?
Acho que o conhecimento de outras áreas de atuação, já que o mercado muda muito. Mas a que mais me chama atenção é a questão da gestão da profissão. Designer não sabe ganhar dinheiro. Muitos confundem a profissão com arte - e mesmo os artistas precisam ganhar e viver da sua arte. O problema é que a maioria das universidades, faculdades e cursos te formam para ser funcionário e, com uma atividade como a nossa, em que muito são freelas ou tentam empreender, isso se torna um problema. O design é uma atividade comercial, é projeto, precisamos saber cobrar da maneira correta.

Como você pretende tocar sua gestão, definiu prioridades?
A nova diretoria é super descentralizada. Um em cada canto do país e eu acho isso muito positivo. Além disso, tem uma enorme representatividade feminina, 50%. Esses primeiros dois anos serviram de aprendizado para que eu entendesse o histórico da ADG Brasil e como queremos a ADG Brasil no futuro.

Hoje ela engloba mais do que design gráfico. Precisamos ter um reencontro com os associados, trazer e discutir inovação para que a sua missão esteja mais próxima do designer na vida real e crie um relacionamento que ajude realmente o profissional a viver do seu ofício.

Uma das principais entregas da ADG Brasil sempre foi a Bienal de Design Gráfico. Além dela, queremos ouvir os designers e promover encontros, papos, discussões e parcerias que de fato ajudem a nossa classe a se unir e ser mais representativa em todo o Brasil e não apenas no eixo São Paulo-Rio de Janeiro.

Como você avalia o mercado brasileiro?
O designer brasileiro não perde em nada para nenhum profissional no mundo todo. Somos bons, dedicados, temos repertório, responsabilidade, por isso mesmo muitos trabalham para fora e não para o Brasil. Aqui, a meu ver, há uma desvalorização da nossa profissão e acredito que isso é em grande parte culpa nossa. Como disse acima, deve partir do profissional se posicionar, defender seu trabalho. Se o mercado não sabe, temos que ensinar.

A impressão que dá é que hoje temos muito mais profissionais da área do que vagas no mercado de trabalho.
O número de universidades e cursos de design aumentou em todo o país, mas as empresas começaram a criar ou aumentar as suas áreas de design. Grandes empresas como Itaú, Nestlé, entre outras, hoje tem um departamento de design, isso ajuda já que antes você concentrava tudo nas agências de publicidade, escritórios de design ou freelas.

Então nesse mercado concorrido, o que diferencia um bom profissional?
O profissional que não tem medo de experimentar, de tentar e de pesquisar traz embasamento. Parece óbvio na nossa profissão, mas não é. As pessoas estão acostumadas a entrar em um ritmo de pegar o briefing e fazer, mas se esquecem que o foco da nossa profissão é projeto e projeto precisa resolver o problema do cliente de uma maneira aprofundada e não superficial.

Há um projeto de lei tramitando para regulamentar a profissão de designer. Qual a importância disso, o que mudaria?
A profissão de designer gráfico no Brasil é relativamente nova. Avançamos muito já, mas, para mim, o Brasil é um país com a cultura de agência de publicidade, o que traz grandes conflitos quando entramos em contato com um cliente. Ele não entende o que um designer faz. A regulamentação ajudaria, pois valoriza a formação acadêmica e a experiência do profissional da área, o que elevaria o nível da profissão e a deixaria mais profissional no sentido de registros e comprovações de conhecimento e exercício da mesma. Porém, temos muito designers não formados ou que exercem a profissão por entenderem de um programa ou software. É um assunto delicado que precisa continuar sendo discutido. Temos que ouvir os profissionais e andar com essa questão.

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